Por longo tempo, Pirra foi para mim uma cidade encastelada nas |
encostas de um golfo, com amplas janelas e torres, fechada como uma taça, |
com uma praça em seu centro profunda como um poço e com um poço em seu |
centro. Nunca a tinha visto. Era uma das tantas cidades que nunca visitara, |
que imaginava somente a partir do nome: Eufrásia, Odila, Margara, Getúlia. |
Pirra era uma delas, diferente de todas as outras, assim como cada uma delas |
era inconfundível para os olhos da minha mente. |
Chegou o dia em que as minhas viagens me conduziram a Pirra. Logo |
que coloquei os pés na cidade, tudo o que imaginava foi esquecido; Pirra |
tornara-se aquilo que é Pirra; e imaginei que sempre soubera que a cidade não |
tinha vista para o mar, escondido atrás de uma duna baixa e ondulada; que as |
suas ruas correm em linha reta; que as casas são reagrupadas em intervalos, |
não altas, e são separadas por descampados de depósitos de madeira e |
serrarias; que o vento move os cata-ventos das bombas hidráulicas. Daquele |
momento em diante, o nome Pirra evoca essa vista, essa luz, esse zumbido, |
esse ar no qual paira uma poeira amarelada: é evidente que significa isto e que |
não podia significar mais nada. |
A minha mente continua a conter um grande número de cidades que |
não vi e não verei, nomes que trazem consigo uma figura ou fragmento ou |
ofuscação de figura imaginada: Getúlia, Odila, Eufrásia, Margara. A cidade |
sobre o golfo também está sempre lá, com a praça fechada em torno do poço, |
mas não posso mais chamá-la com um nome, nem recordar como pude dar-lhe |
um nome que significa algo totalmente diferente.
Pirra na imaginação do viajante:
Pirra visitada pelo viajante :
por: Amanda Coutinho, Elaine Machado, Eliane Machado e Pedro Negreiros.
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