terça-feira, 16 de novembro de 2010

Zobeide - A cidade e o desejo

“Acordei atormentado por um sonho branco, confuso. Não reconheci onde estava e a claridade me ofuscava os olhos. Ao me movimentar pelo sonho percebi que se tratava de uma cidade diferente de todas que já havia visitado, onde ora ruas giravam em torno de si mesmas, ora acabavam em nada.
Subitamente, completando a paisagem, ela surgiu e me deixou perplexo. De costas, nua, com longos cabelos negros que contrastavam com sua pele branca, completavam a silhueta mais perfeita que meus olhos já puderam apreciar. Na esperança de ver seu rosto, ou ao menos me aproximar dela, fui em sua direção, mas a cada passo dado ela corria mais rápido, fugindo, dobrando as curvas esquinas. E, em uma dessas esquinas, ela desapareceu. Com a intenção de encontrá-la continuei a andar pela cidade, mas foi em vão, pois logo despertei. Ao acordar, um único nome permaneceu em minha mente: Zobeide.
Assim, dia após dia, afastei cada vez mais de mim mesmo para me aproximar dela, numa busca incessante. Essa foi minha sina. Procurar aquela mulher, por ruas, cidades, países, por horas, dias, meses. Mas, infelizmente, nem vestígios.
Não a encontrei, porém, no caminho, me deparei com homens dos mais variados países, que tiveram o mesmo sonho que eu e agora buscavam aquela mulher.
O desejo não só de encontrá-la, mas também de possuí-la, nos fez transformar a cidade dos nossos sonhos em realidade. Construir Zobeide, nome que não saía da memória. Trazer para o mundo real - de forma fidedigna - a disposição das ruas, os becos, as construções, tudo que compunha a cidade das nossas mentes, tornou-se nossa principal meta. Mesmo que para isso tivéssemos que passar por cima de qualquer obstáculo. E foi esse pensamento enraizado em cada indivíduo que fez de Zobeide o que ela é hoje. Uma cidade recortada em algumas construções e elementos, motivada pelo desejo dos que aqui chegam de refazer o percurso sonhado.
Qualquer turista que venha nos visitar se perde facilmente em suas ruas que giram em torno de si mesmas, escadas que tem início e não tem fim, por caminhos repletos de armadilha, ou em labirintos que embelezam o espaço e nos confundem. Ela oferece recursos comuns a qualquer outro lugar, como supermercado, cinema, museu, residências, bares (seu ponto de encontro), entre outros.
A destruição de um sonho por outro sonho (digo isto porque assim pode ser entendida a desconstrução feita pelos novos moradores) fez de Zobeide uma cidade feia. Mas feia aos olhos de quem não é daqui. Aos olhos daquele que não veio pelas mesmas motivações dos moradores. Daquele que não experimentou os breves minutos de sonho com aquela figura feminina que esbanjava sensualidade. Daquele que não viveu ou vive no desejo contínuo de reencontrá-la, pois mesmo que o fervor da vontade de vê-la tenha se apagado da mente de alguns que pra cá vieram, para mim continua vivo. Não vivemos com aquela mulher, mas aqui vivemos por ela. Zobeide, a cidade dos desejos! “
                                                                                                                Oswald - morador de Zobeide
















             Alunos: Letícia Pimentel, Macelo de Almeida, Rayanne Maffei e Renata Morelato

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